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20.9.09

etanol do lula é uma merda

À primeira vista, representa um avanço o ranking de carros poluidores apresentado pelo Ibama na semana que passou. Porém, como tudo que vem do governo (qualquer governo), ainda mais quando está envolvido o espetacular ministro Carlos Minc, é bom tirar o pé do acelerador do entusiasmo. Em especial se o seu carro for flex.
O álcool combustível, agora renomeado com a marca globalizada de "etanol", é um trunfo do Brasil. Fruto de um programa nacionalista e intervencionista da ditadura militar, o Proalcool, virou campeão ambiental.
Em nenhum outro lugar do mundo se obtém etanol na quantidade e com a produtividade permitida pela cana-de-açúcar por aqui -agora já sem nenhum subsídio estatal.
O álcool pode ser considerado um combustível mais "limpo" porque o carbono que lança na atmosfera, na forma de gás carbônico (CO2), é reutilizado na próxima safra de cana enquanto as plantas crescem. O CO2 é a matéria-prima da fotossíntese. Apenas com ele, água e luz (energia solar), os vegetais produzem a biomassa cuja energia química usufruímos, antes de mais nada como alimento.
O reaproveitamento do carbono no ciclo de produção do etanol não é completo, mas quase. Algum CO2 adicional é emitido no processo, por exemplo com o uso de fertilizantes.
Cerca de 90%, porém, deixam de ser emitidos na atmosfera.
A gasolina polui muito mais, nesse sentido. Todo o carbono emitido em sua queima é uma contribuição nova para engrossar o cobertor de gases que agravam o efeito estufa e alimentam o aquecimento global.
Antes de ser extraído o petróleo, seus hidrocarbonetos repousavam nas profundezas do subsolo e do pré-sal. É essa energia química, fixada por plantas e microrganismos fotossintetizadores há milhões de anos, que impulsiona veículos a gasolina, diesel e gás natural, por isso chamados de combustíveis fósseis.
A clara vantagem antipoluição do álcool foi de certa forma -uma forma canhestra- reconhecida no trabalho do Ibama, lançado às pressas por Minc. Como não dá para comparar álcool e gasolina nesse quesito, tamanha a desvantagem da segunda, ele foi omitido da "nota verde". A emissão de CO2 está numa pontuação separada, só para veículos a gasolina.
Resultado: no ranking que todo mundo viu e comentou, vários modelos a álcool (na realidade, carros flex abastecidos com etanol para o teste) aparecem entre os mais poluidores.
Do ponto de vista das emissões que fazem mal para a saúde, trata-se de informação significativa. Há razões para crer, contudo, que o álcool ficou pior na fita do que deveria.
Passando por cima da outra nota, a mais relevante para o problema igualmente decisivo do aquecimento global, muitos jornalistas concluíram -e deixaram isso claro nos títulos- que carros a álcool poluem tanto quanto ou mais que outros a gasolina. Uma informação que, na melhor das hipóteses, está incompleta.
Mesmo no que diz respeito à contribuição de veículos a álcool para a má qualidade do ar nas cidades, há motivos para pisar no freio. Vários motivos: enxofre, benzeno, olefinas, formaldeídos -emissões em que o álcool em geral se sai melhor. Nenhum deles entrou na "nota verde", que só considera monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos.
Se o saldo da publicação do ranking for a conclusão, entre consumidores, de que abastecer o carro com álcool polui tanto quanto fazê-lo com gasolina, Minc acaba de dar mais um tiro no próprio pé -o do acelerador.
Marcelo Leite Tiro no próprio álcool

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