Total de visualizações de página

1.5.10

dilma terrorista e mentirosa assumida cita número que até PF desconhece

MÁRCIO FALCÃO
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para comparar as ações da Polícia Federal nos períodos de Lula e FHC, a pré-candidata petista Dilma Rousseff usou em pelo menos três entrevistas um número que nem a própria PF sabe como surgiu.
Ao tentar atestar a eficiência da PF no governo Lula de forma quantitativa, Dilma afirmou que foram feitas 1.012 operações especiais desde 2003, número que consta na página da PF na internet, contra 29 na gestão de Fernando Henrique.
A Folha questionou a PF sobre o número. A resposta da assessoria foi que não existe levantamento exato a respeito de anos anteriores a 2004 e, portanto, não teria como informar o número de operações referentes aos anos anteriores.
O mistério continuou quando a Folha questionou a assessoria de imprensa da pré-candidata sobre a origem da estatística citada nas entrevistas.
No primeiro contato, a informação foi que o dado havia sido obtido no governo. No dia seguinte, informalmente, assessores disseram que os números vieram de pesquisas em jornais, relatórios e internet. Por fim, a equipe da petista disse que consultaria o "pessoal de conteúdo". Três dias depois do primeiro contato, não houve resposta oficial.
A reportagem também procurou o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, que afirmou não ter os números porque a PF está subordinada ao Ministério da Justiça. Por sua vez, o ministério informou ser a PF a responsável pela contabilidade de operações.
A confusão aumenta se for comparado o número apresentado por Dilma ao que o próprio Lula citou em 2006, quando concedia entrevista a jornalistas europeus. Lula disse que "entre 2003 e 2006 a Polícia Federal fez mais de 300 operações contra o crime organizado e, nos oito anos anteriores, foram só 48" -diferença de 19 para as 29 citadas por Dilma.
Apesar de não haver contabilidade exata feita pela PF antes de 2004, na página da internet da polícia existem relatórios de atividades a partir de 2002.
Nesse documento de 2002, a Folha encontrou 62 operações identificadas como principais ou que ganharam nome da PF e que poderiam ser comparadas às 1.012 especiais citadas por Dilma no governo petista. De acordo com a própria PF, a partir de 2004 são contabilizadas como operações especiais as ações que ocorrem em mais de um Estado ou têm número significativo de mandados.
Nas entrevistas que concedeu, Dilma foi categórica. "Sabe qual é a diferença? Se você for olhar nos oito anos antes da gente, houve 29 operações especiais. No nosso governo, houve 1.012", disse ao apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, em 21 de abril.
A declaração de Dilma provocou incômodo em integrantes do governo FHC. Ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior criticou. "Não estranho essa diferença nos números. Ela [Dilma] não tem outra declaração a não ser a de que o Brasil foi descoberto em 2003", disse.
"Atualmente, o número de operações é alto, mas grande parte dessas ações dá origem a processos nulos que são derrubados na Justiça", afirmou.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Delegados da PF, Joel Mazo, Lula foi mais atencioso com a corporação. "Só 29 [ações] eu acho baixo, mas tudo depende do critério que está sendo utilizado. Sem dúvida, o Lula apostou muito mais na PF e deu muito mais condições de trabalho", disse.

Nenhum comentário: